Esta lista é sobre animais que antes eram considerados meras lendas, mas que acabaram sendo confirmados como reais. Hoje, muitas dessas “bestas míticas” são tão conhecidas que não poderíamos imaginar um zoológico sem elas!

10
Gorila

Gorila

Por mais famosos que os gorilas sejam hoje, houve um tempo em que eles não eram mais que um mito. Os exploradores voltavam das selvas africanas e contavam histórias sobre homens-feras gigantes e peludos, de força e temperamento terríveis, com o péssimo hábito de sequestrar e estuprar mulheres! Tais histórias foram consideradas absurdas pelos cientistas e, como resultado, o gorila era desconhecido da ciência até muito recentemente. Acredita-se que o primeiro relato de gorila seja do explorador grego Hanno, do século V a.C. Hanno viajou para as costas ocidentais de África, possivelmente para a Serra Leoa ou mesmo para o golfo da Guiné, e relatou “uma ilha cheia de pessoas selvagens, a maioria delas mulheres, e cobertas de pêlos. Nossos intérpretes os chamam de gorilas”.

Talvez devêssemos mencionar que nem todo mundo está convencido de que Hanno tenha encontrado gorilas reais (seus gorilas poderiam ter sido chimpanzés). Muito mais tarde, em 1625, o explorador britânico Andrew Batell relatou ter visto um “monstro” coberto de pelos, exceto no rosto e nas mãos, que dormia em árvores e se alimentava de frutas. Segundo ele, esse “monstro” era mais parecido com um homem, mas “com a estatura de um gigante”. Os gorilas permaneceram obscuros e pouco compreendidos por muitos anos, sendo muitas vezes considerados brutais, pouco inteligentes e extremamente violentos. Somente em 1847 um ocidental (o médico Thomas Savage) conseguiu obter vários ossos de gorila, incluindo um crânio, enquanto estava na Libéria, e publicou a primeira descrição formal do grande símio. Na década seguinte, o explorador Paul du Chaillu tornou-se o primeiro europeu moderno a ver um gorila vivo durante as suas expedições à África equatorial. Quanto ao gorila da montanha, uma espécie diferente e maior, acreditava-se que era um mito até 1902!

9
Ocapi

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Já falei sobre o Ocapi, mas seria errado deixá-lo fora desta lista. O Ocapi era bem conhecido dos Antigos Egípcios (embora não fosse nativo do Egito) e, claro, dos pigmeus que viviam nas mesmas florestas da África Central. Os europeus, porém, não acreditaram nas histórias dos pigmeus; eles consideravam o ocapi uma criatura mítica, e até o chamaram de “O Unicórnio Africano”! Em 1890, Henry Stanley explorou as selvas do Congo e interessou-se por uma palavra nativa, “okapi” (que ele ouviu mal e escreveu como “atti”). Os pigmeus usavam a palavra tanto para o cavalo doméstico não-nativo quanto para outro animal grande que ocasionalmente capturavam e comiam.

Um certo Sir Henry Johnston, que se tornaria governador de Uganda, leu o livro de Stanley e ficou obcecado pela estranha criatura. Ele conseguiu encontrar rastros do animal e também pedaços de pele listrada que, segundo os pigmeus, pertenciam ao misterioso ocapi. Johnston enviou a pele para Londres, onde os cientistas, pela primeira vez, se interessaram pela fera e levantaram hipóteses sobre sua identidade. Seria uma espécie desconhecida de zebra da selva? Ou talvez um proto-cavalo Hipparion pré-histórico sobrevivente tardio? Como não tinham um espécime melhor, deram ao animal o nome de Equus johnstoni, presumindo provisoriamente que fosse um membro do gênero cavalo e zebra.

Em 1901, finalmente, Johnston conseguiu uma pele inteira e uma caveira. Ele os enviou para Londres e os cientistas ficaram totalmente surpresos. O animal era incrivelmente semelhante a alguns restos fossilizados de um antigo parente da girafa, encontrado em 1838 na Grécia! O mistério foi resolvido; o misterioso unicórnio africano existiu, mas não era uma zebra ou um cavalo, mas o último e único parente vivo da girafa!

8
Panda gigante

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Hoje, esses ursos pretos e brancos, em sua maioria vegetarianos, estão entre os animais mais famosos do mundo (o que os cientistas chamam de “megafauna carismática”). No entanto, foram praticamente desconhecidos durante séculos, mesmo na China! Na verdade, embora os artistas chineses tenham retratado constantemente ursos negros e florestas de bambu desde os tempos antigos, o panda gigante nunca foi retratado até o século XX! Rumores e relatos de um estranho “urso branco” encontrado nas montanhas chinesas foram considerados mitos até 1869, quando o missionário francês Armand David enviou a pele de um espécime caçado para a Europa. Foi só então que os pandas foram finalmente aceitos pelos cientistas como animais reais.

Os pandas gigantes foram finalmente vistos vivos por um europeu em 1916, quando o zoólogo alemão Hugo Weigold viu e comprou um filhote. (Não fique animado, eles não vendem mais pandas bebês). Como uma observação interessante, os pandas gigantes são conhecidos na China como o Grande Urso-Gato; isso ocorre porque os pandas têm pupilas verticais, assim como os gatos, mas diferentemente de outros ursos. Antigamente, pensava-se que eram parentes gigantes e aberrantes do guaxinim, mas os testes de DNA provaram o que parecia óbvio desde o início; que eles são um membro verdadeiro, embora incomum, da família dos ursos.

7
Girafa

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Sim, a famosa girafa já foi um animal mítico. Temos que admitir que, se não conhecêssemos as girafas e alguém nos mostrasse a fotografia de uma delas, teríamos dificuldade em acreditar na sua existência. Basta dar uma olhada neles! Eles SÃO animais de aparência estranha. As girafas eram relativamente familiares aos antigos egípcios, embora não fossem nativas do Egito (diz-se que o faraó Ramsés II manteve uma girafa, entre outros animais de estimação exóticos, em seu zoológico particular). Os gregos, por outro lado, consideravam a girafa um animal lendário, o camelopardo, que se dizia ser o resultado do acasalamento de um camelo e um leopardo! Ainda hoje, o nome científico da girafa (Giraffa camelopardalis) presta homenagem a esta lenda.

Os romanos ficaram mais acostumados com as girafas depois que algumas delas foram capturadas e enviadas para Roma, tanto como animais de estimação exóticos para o Imperador quanto como exposição no Circus Maximus. Depois disso, porém, nenhuma outra girafa foi conhecida na Europa até 1486, quando um espécime vivo foi dado a Lorenzo de Medici em Florença. Sabe-se também que quando os chineses viram uma girafa pela primeira vez em 1414, pensaram que se tratava de um Qilin, uma fera lendária da mitologia chinesa, e ainda hoje a palavra kirin é usada para designar a girafa em vários países asiáticos. (Nota interessante: girafas existiam na Ásia e até na Europa em tempos pré-históricos!).

6
Tomando

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No conhecido mito grego de Jasão e os Argonautas, Jasão é enviado por seu malvado tio Pélias para uma missão suicida; para obter o Velocino de Ouro. Este era o velo de um carneiro semidivino chamado Chrysomallus, que foi gerado pelo próprio Poseidon. Alguns especialistas acreditam que a lenda do Velocino de Ouro foi inspirada na pelagem dourada de um animal real, hoje conhecido como Golden Takin. Este animal é encontrado no Himalaia. Embora descrito por cientistas ocidentais em 1850, o Takin sempre foi uma espécie de lenda; no Butão, suas origens são consideradas sobrenaturais. Diz-se que no século XV, um Lama poderoso e sábio visitou o país e foi instado pelos seus seguidores a realizar um milagre.

Por fim, o Lama aceitou e disse-lhes que lhe trouxessem uma cabra inteira e uma vaca inteira. As pessoas fizeram o que ele pediu, e o Lama, para espanto de todos, comeu toda a carne da cabra e da vaca, deixando apenas os ossos! Mas este não foi o verdadeiro milagre. Assim que terminou a sua refeição improvável, o Lama pegou partes da vaca e da cabra e juntou-as, formando um novo animal. Então, com um estalar de dedos, ele deu vida a ele. O estranho animal resultante foi o Takin. Devido a esta interessante lenda, o Takin é uma criatura muito venerada no Butão, sendo considerado o animal nacional do referido país.

5
Pitão

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Hoje tendemos a imaginar os dragões como sendo bastante parecidos com os dinossauros, mas os primeiros historiadores descreviam-nos como enormes serpentes que matavam as suas presas enrolando-se à sua volta e “esmagando-as até à morte”. Isidoro de Sevilha disse que o “dragão” era o maior tipo de serpente, enquanto Plínio, o Velho, descreveu batalhas colossais entre o dragão constritor e o elefante. Segundo ele, o dragão se enrolaria em volta do elefante e o estrangularia, mas então o elefante cairia no chão, vencido, e esmagaria o dragão sob seu peso. Ele também mencionou que dragões foram encontrados na Etiópia, mas os maiores foram encontrados na Índia.

No século VIII d.C., São João de Damasco disse: “Afinal, não estou lhe dizendo que não existem dragões; dragões existem, mas são serpentes nascidas de outras serpentes. Quando recém-nascidos e jovens, são pequenos, mas depois crescem e amadurecem, tornam-se tão grandes e gordos que excedem outras serpentes em comprimento e tamanho. Diz-se que crescem até trinta côvados ou mais e ficam tão grossos quanto um enorme tronco”. Tudo isso soa como uma descrição óbvia das cobras python, que matam as presas por constrição, são as maiores cobras do Velho Mundo (crescem até 8 ou 9 metros, às vezes mais!) e vivem na Etiópia e na Índia. Em outras palavras… pítons e dragões são a mesma coisa! Até o nome Python foi emprestado de um antigo dragão da mitologia grega, tão grande e poderoso que apenas o deus do sol Apolo poderia derrotá-lo. Embora ocasionalmente algumas pítons tenham sido capturadas e enviadas para exibição em Roma nos tempos antigos, elas mantiveram seu status mítico por muito tempo.

4
Lula gigante

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Um dos monstros marinhos míticos mais famosos é o Kraken. Lendas sobre este formidável habitante do mar, armado com tentáculos poderosos e forte o suficiente para afundar um navio, foram contadas na Noruega e na Islândia e, segundo cientistas modernos, basearam-se em avistamentos da lula gigante (Architeuthis). Como a lula gigante prefere viver em águas abissais, quase nunca é vista viva pelos humanos; mesmo assim, espécimes mortos às vezes são levados para a costa, e assim a existência da criatura tem sido relatada desde os tempos antigos; Plínio, o Velho, mencionou-os no seu tratado de História Natural e disse que podiam crescer até 9,1 metros de comprimento (agora sabemos que ficam maiores!).

Além da lenda do Kraken, a lula gigante pode ter inspirado outros mitos clássicos, incluindo o grego Scylla, um monstro de várias cabeças que arrebatou os homens dos seus navios e os devorou, e até mesmo as “serpentes marinhas” que estrangularam Laocoön e seus filhos na Ilíada. Mas embora as lulas gigantes tenham sido relatadas por Aristóteles e Plínio, o Velho, elas eram tão fantásticas que mesmo os cientistas posteriores ainda tiveram dificuldade em acreditar na sua existência; em 1861, a tripulação do navio de expedição Alecton teve um encontro próximo com uma lula gigante e até conseguiu pegar um pedaço da cauda do animal. Contudo, foram ridicularizados pelos cientistas, que lhes disseram que tal criatura era “contra as leis da natureza”! Ainda hoje, a lula gigante mantém o seu estatuto semi-lendário. Todos sabemos que ela existe, mas tem sido chamada de “a imagem mais elusiva da História Natural”. Somente em 2004 a lula gigante foi finalmente fotografada em seu habitat natural; o primeiro vídeo foi feito dois anos depois.

3
Dragão de Komodo

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Diz-se às vezes que os dragões de Komodo foram descobertos por um piloto abatido na Primeira Guerra Mundial que nadou até uma ilha remota na Indonésia e relatou ter visto répteis gigantes nas costas da ilha. Infelizmente, ninguém acreditou nele. Outras versões dizem que os dragões já haviam sido relatados antes, e que eventualmente, os rumores de “crocodilos terrestres” e “monstros pré-históricos” vagando por Komodo e pelas ilhas próximas tornaram-se persistentes demais para serem ignorados; em 1910, um tenente holandês decidiu ir à ilha e obter provas da existência da criatura. Ele conseguiu e enviou uma foto e a pele de um lagarto gigante para Bogor, Java, onde o diretor do Museu Zoológico o descreveu formalmente pela primeira vez.

Mais tarde, em 1926, uma expedição muito divulgada a Komodo resultou na captura de dois espécimes vivos; esta expedição inspirou um dos filmes mais famosos de todos os tempos, King Kong, que também tratava de animais pré-históricos encontrados em uma ilha remota. O diretor do filme até queria ter dragões de Komodo no filme! Mas isso não foi possível e ele os substituiu por dinossauros animados. Os dragões de Komodo são os maiores lagartos do mundo. Um mito moderno sobre eles é que eles não têm veneno e que suas vítimas morrem de envenenamento do sangue graças às bactérias mortais na boca do dragão. Embora seja verdade que os dragões têm muitas bactérias perigosas na sua saliva, estudos recentes sugeriram que eles também são capazes de produzir veneno poderoso, indutor de hemorragia e paralisia, tornando-os os maiores animais venenosos vivos.

2
Baleia de bico

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O Ziphius ou “Coruja do Mar” era um monstro marinho lendário, descrito na época medieval, que dizia ter olhos enormes e uma boca em forma de bico, daí o seu nome. A criatura foi descrita como sendo de tamanho enorme e capaz de destruir um navio se enfurecida, embora, felizmente, também fosse extremamente difícil de ver. Hoje, os cientistas acreditam que a inspiração para esse mito foram as pouco conhecidas baleias de bico. Esses misteriosos cetáceos parecem golfinhos gigantes, mas não estão intimamente relacionados com eles; eles vivem em águas de cervos e raramente são vistos na superfície (embora, é claro, precisem respirar ar como todas as baleias). A maior parte do que sabemos sobre eles vem de espécimes mortos levados à costa.

Algumas espécies só são conhecidas por carcaças ou mesmo ossos encontrados em alguma praia remota! Em homenagem à criatura mítica, uma espécie de baleia de bico é chamada de Ziphius pelos cientistas. As baleias de bico merecem o segundo lugar nesta lista porque foram criaturas míticas no passado e são semimíticas até hoje. Os cientistas dariam tudo para saber mais sobre estas enormes criaturas, mas a “Coruja do Mar” ainda não parece disposta a revelar os seus segredos.

1
Tigre

Captura de tela 16/04/2010 às 13h07h56

O tigre é um dos animais mais conhecidos do mundo, mas nem sempre foi assim. Para os gregos antigos, o tigre era um animal lendário, conhecido como manticora (do persa martya, “homem”, e xwar, “comer”), e descrito em “Indika”, um tratado de um certo Ctesias sobre a Índia, que costumava ser popular entre naturalistas e historiadores gregos, mas infelizmente está perdido hoje. De acordo com Pausânias em sua “Descrição da Grécia”: “A besta descrita por Ctesias em sua história indiana, que ele diz ser chamada de mantichoras pelos índios e devoradora de homens pelos gregos, estou inclinado a acreditar que é o tigre. Mas que tem três fileiras de dentes ao longo de cada mandíbula e espinhos na ponta da cauda com os quais se defende de perto, enquanto os atira como flechas de um arqueiro contra inimigos mais distantes; tudo isso é, penso eu, uma história falsa que os índios passam uns aos outros devido ao seu medo excessivo da fera”.

Faz sentido que o tigre seja a inspiração para a manticora. Dizia-se que este último vivia na Índia e no sudeste da Ásia (a área de distribuição principal do tigre) e era semelhante ao de um leão em tamanho e aparência, mas com pêlo avermelhado. Dizia-se também que tinha cauda de escorpião, o que poderia ter sido inspirado nos anéis pretos e na ponta preta da cauda do tigre. E foi relatado que era tão feroz que arrancava homens adultos das aldeias e os arrastava para a selva, após o que nunca mais eram vistos. O mesmo acontecia frequentemente com o grande gato.

Embora os tigres fossem frequentemente vistos no circo da Roma Antiga, eles não foram vistos na Europa por muito tempo após a queda do Império e mais uma vez se tornaram uma lenda. Histórias fantásticas sobre eles foram contadas em bestiários medievais; em alguns deles, os caçadores roubavam filhotes de tigre e quando o tigre adulto os perseguia, eles atiravam um espelho ou uma bola de cristal e o tigre parava para admirar seu próprio reflexo ou o confundia com seu filhote e abandonava a perseguição.
Também era famoso pela sua velocidade; o próprio nome tigre, do qual deriva “tigre”, é na verdade a antiga palavra persa para flecha!

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