10 ações judiciais estúpidas que nunca deveriam ter visto um tribunal

Todos nós já ouvimos histórias sobre ações judiciais bizarras que nos fazem coçar a cabeça e nos perguntar: “Como isso chegou ao tribunal?” Desde alegações que desafiam o bom senso até queixas que só poderiam ter origem nas mentes mais imaginativas, estes processos judiciais lembram-nos que a verdade pode ser mais estranha que a ficção. Portanto, aperte o cinto enquanto viajamos pela história jurídica, onde alguns demandantes transformaram infortúnios cotidianos em batalhas jurídicas extraordinárias.

Aqui estão dez ações judiciais estúpidas que nunca deveriam ter chegado a um tribunal.

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10 Liebeck v. McDonald’s: um derramamento de café quente

Em 1992, Stella Liebeck, uma mulher de 79 anos, derramou uma xícara de café do McDonald’s no colo e sofreu queimaduras de terceiro grau que exigiram enxertos de pele e dois anos de tratamento médico. Liebeck se ofereceu para resolver o caso com o McDonald’s por US$ 20 mil para cobrir suas despesas médicas e perda de renda. O McDonald’s ofereceu apenas US$ 800, então o caso foi a julgamento.

Após um julgamento de uma semana, o júri de 12 pessoas concluiu que o McDonald’s era 80% culpado pelos ferimentos da Sra. Liebeck e concedeu-lhe US$ 200 mil em danos compensatórios e US$ 2,7 milhões em danos punitivos. O juiz de primeira instância posteriormente reduziu os danos punitivos para US$ 480.000, e as partes fizeram um acordo fora do tribunal por um valor não revelado.

Descobriu-se que o café do McDonald’s é perigosamente quente, entre 82,2 e 87,8 ° C (180-190 ° F), e tem maior probabilidade de causar ferimentos graves do que o café servido em qualquer outro estabelecimento. Os advogados de Liebeck argumentaram que o café do McDonald’s estava com defeito. O McDonald’s admitiu que o seu café “não era próprio para consumo” quando vendido porque provoca queimaduras graves se for derramado ou bebido.

Embora o caso seja frequentemente criticado como um exemplo de ação judicial frívola, é importante notar que Liebeck sofreu ferimentos graves e ofereceu um acordo por uma quantia razoável antes que o caso fosse a julgamento. O caso também chamou a atenção para a questão do café perigosamente quente e levou a mudanças na forma como os restaurantes servem café aos clientes.

9 Dimmick v. Rowley: o assalto aos reféns

Dimmick v. Rowley é um caso que ganhou atenção nacional e foi amplamente considerado um dos processos mais ridículos da história recente. Em setembro de 2009, Jesse Dimmick, um sequestrador condenado, invadiu a casa de Jared e Lindsay Rowley em Topeka, Kansas, enquanto fugia da polícia. Ele estava sob suspeita de um assassinato no Colorado.

Durante o impasse seguinte, Dimmick manteve os Rowleys como reféns por várias horas antes de adormecer. De acordo com Dimmick, ele tinha um contrato verbal juridicamente vinculativo com os Rowleys de que eles o esconderiam da polícia em troca de dinheiro. No entanto, após sua prisão, Dimmick foi condenado por sequestro, roubo e fuga da polícia.

Os Rowleys entraram com uma ação contra Dimmick, pedindo US$ 75.000 em indenização por invadir sua casa e causar sofrimento emocional. Em 2011, Dimmick entrou com uma ação contra os Rowleys, pedindo US$ 235.000 em indenização por quebra de contrato. Seu processo não teve sucesso e ele foi condenado a 11 anos por duas acusações de sequestro. Ele foi então enviado ao Colorado para julgamento, condenado e sentenciado a 37 anos. Em 2013, um juiz do Tribunal Distrital do Condado de Shawnee rejeitou o processo dos Rowleys contra Dimmick a pedido deles.

8 Naruto x Slater: uma selfie de macaco

No caso Naruto v. Slater, um macaco chamado Naruto entrou com uma ação de violação de direitos autorais sobre uma selfie que tirou com a câmera autônoma de um fotógrafo da vida selvagem. O fotógrafo David Slater e a editora Wildlife Personalities Ltd. publicaram as selfies dos macacos em um livro. O processo ganhou atenção significativa e levantou questões jurídicas intrigantes.

O tribunal distrital inicialmente concedeu a moção do réu para demitir, decidindo que Naruto não tinha legitimidade sob o Artigo III e a Lei de Direitos Autorais. No entanto, o Tribunal de Apelações do Nono Circuito confirmou a posição de Naruto no Artigo III, afirmando que a denúncia incluía fatos suficientes para estabelecer que Naruto era o autor e proprietário das fotografias e havia sofrido danos econômicos. Apesar disso, o tribunal considerou que Naruto não tinha legitimidade legal porque a Lei de Direitos Autorais não autorizava animais a abrir processos por violação de direitos autorais.

O caso finalmente terminou com um acordo entre Slater e a PETA, a organização que representa Naruto, onde Slater concordou em doar 25 por cento de seus lucros futuros provenientes do uso das selfies para instituições de caridade que protegem a vida selvagem. O Nono Circuito recusou-se a rejeitar o recurso, afirmando que uma decisão seria útil para os tribunais inferiores no tratamento de uma área jurídica em desenvolvimento.

7 Stambovsky v. Ackley: uma casa assombrada

Neste caso, Jeffrey Stambovsky assinou um contrato para comprar uma casa de Helen Ackley em Nyack, Nova York. No entanto, após assinar o contrato, Stambovsky descobriu que a casa estava supostamente mal-assombrada. Sentindo-se enganado, Stambovsky procurou rescindir o contrato e recuperar o pagamento inicial, argumentando que Ackley tinha o dever de divulgar o status de assombrada da casa.

O tribunal decidiu a favor de Stambovsky, afirmando que Ackley tinha o dever de divulgar o status de assombrada da casa. O tribunal considerou a reputação da casa como uma casa mal-assombrada e o fato de Ackley ter promovido o status de mal-assombrada em entrevistas à mídia. Com base nestes factores, o tribunal considerou que Ackley tinha o dever de divulgar esta informação a Stambovsky.

A decisão do tribunal baseou-se no princípio caveat emptor (comprador cuidado), que é a regra geral nas transações imobiliárias. No entanto, o tribunal concluiu que o estatuto de assombrada da casa era um facto único e material que poderia afetar o valor da propriedade. Portanto, o tribunal considerou que Ackley tinha o dever de divulgar esta informação a Stambovsky.

6 Vezmar x Cruz: o pior encontro

Vezmar v. Cruz é um processo que ganhou as manchetes em 2017, quando um homem processou seu par por enviar mensagens de texto durante um filme. O demandante, Brandon Vezmar, alegou que sua namorada, Crystal Cruz, estava enviando mensagens de texto em seu telefone durante o encontro no cinema, o que ele achou uma distração.

Vezmar pediu a Cruz que parasse de enviar mensagens de texto, mas ela recusou, então ele decidiu processá-la pelo custo do ingresso de cinema, que era de US$ 17,31. O processo rapidamente ganhou atenção nas redes sociais e nos meios de comunicação, com muitas pessoas zombando de Vezmar pelo que consideraram um processo frívolo.

Um juiz acabou rejeitando o caso e decidiu que a reivindicação de Vezmar não atendia ao limite mínimo de indenização exigido para abrir uma ação no juizado de pequenas causas. No entanto, o caso continuou a gerar polêmica e debate sobre o mérito do processo e a questão mais ampla das mensagens de texto nas salas de cinema.

5 Pearson x Chung: Cara, cadê minhas calças?

O caso Pearson v. Chung, também conhecido como o caso “calças de 54 milhões de dólares”, ganhou atenção internacional e tem sido um exemplo de litígio frívolo e da necessidade de reforma da responsabilidade civil nos Estados Unidos. Roy Pearson, juiz de direito administrativo na época, processou seu estabelecimento local de lavagem a seco por danos depois que eles supostamente perderam suas calças.

O caso foi a julgamento em 12 de junho de 2007, com Pearson se representando. Ele argumentou que as lavanderias não cumpriram suas promessas de “serviço no mesmo dia” e “satisfação garantida”. No final das contas, o juiz do tribunal superior decidiu a favor das lavanderias. O caso tem sido amplamente considerado um processo frívolo devido à falta de suporte legal ou factual. O pedido de Pearson de US$ 54 milhões em indenização por perda de calças foi considerado ultrajante e sem mérito.

Pearson v. Chung simbolizou o problema mais amplo de ações judiciais frívolas e o potencial uso indevido do sistema jurídico para ganho pessoal. Embora o caso tenha eventualmente enfrentado uma reacção negativa significativa por parte do público e dos peritos jurídicos, sublinhou a necessidade de regulamentos mais rigorosos em torno da apresentação de reclamações infundadas.

4 Ramirez v. Kraft Heinz Foods Company: uma situação cafona

Ramirez v. Kraft Heinz Foods Company é um caso recente aberto no Distrito Sul da Flórida. A demandante, Amanda Ramirez, apresentou uma queixa contra a Kraft Heinz Foods Company, alegando que a empresa anunciou falsamente suas tigelas Velveeta Shells & Cheese Original para micro-ondas que afirmam “Pronto em três minutos e meio”.

Ramirez alegou que essas instruções descrevem apenas o tempo de cozimento e não levam em consideração o tempo que leva para retirar a tampa, adicionar o molho de queijo, adicionar água e mexer. Ela alegou que se soubesse que demoraria mais do que o prazo declarado, nunca teria comprado o produto. Ramirez argumentou que a embalagem constituía propaganda enganosa e uma violação da Lei de Práticas Comerciais Enganosas e Injustas da Flórida. Ela pediu que a Kraft cessasse sua publicidade enganosa e exigiu US$ 5 milhões em danos punitivos.

No entanto, em 27 de julho de 2023, o tribunal rejeitou a reclamação de Ramirez por não apresentação de reclamação. O juiz decidiu que Ramirez não tinha fornecido provas suficientes para apoiar a sua alegação e que a rotulagem enganaria um consumidor razoável. O juiz lembrou ainda que Ramirez não sofreu nenhum dano real com a compra do produto e, portanto, não tinha legitimidade para ajuizar a ação. Em uma nota lateral: seu advogado também entrou com uma ação judicial contra a Frito-Lay por seus Tostitos “Hint of Lime”, que o autor naquele caso alegou conter apenas uma quantidade “insignificante ou de minimis” de limão.

3 Berkman v. Comida Gourmet: Hora do Lanche

Berkman v. Gourmet Food é um caso decidido em 26 de junho de 2007, na Suprema Corte de Nova York. O demandante, Berkman, entrou com uma ação judicial contra a Robert’s American Gourmet Food, Inc., alegando que a empresa havia anunciado falsamente seu lanche “Pirate’s Booty” como sendo “sem gordura trans” e “totalmente natural” quando continha trans gordura e outros ingredientes artificiais.

Berkman alegou que comprou o produto com base nessas falsas alegações e sofreu danos como resultado. O tribunal negou provimento ao caso, afirmando que o autor não conseguiu demonstrar que sofreu qualquer prejuízo devido à alegada publicidade falsa.

Os críticos argumentam que as alegações do demandante eram infundadas e que a ação judicial era simplesmente uma tentativa de extorquir dinheiro do réu. No entanto, outros argumentam que o caso destaca a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa da rotulagem e publicidade de alimentos para evitar que as empresas façam alegações falsas ou enganosas sobre os seus produtos.

2 Stemm x Tootsie Roll Indus.: É uma questão de qualidade em vez de quantidade

Nesta peculiar batalha jurídica, o demandante, Sr. Stemm, alegou ter sofrido sofrimento emocional e danos físicos devido às embalagens da Junior Mints. Stemm alegou que havia comprado uma caixa de balas Junior, esperando encontrar uma “quantidade razoável” de balas dentro, apenas para descobrir que havia, em sua opinião, poucas balas em relação ao tamanho total da caixa. Ele argumentou que esta disparidade entre o tamanho da embalagem e a quantidade de doces era enganosa e uma prática comercial enganosa.

No entanto, o absurdo do processo torna-se aparente após uma inspeção mais detalhada. A embalagem das balas Junior é reconhecida há muito tempo por seu design diferenciado, apresentando uma caixa substancial com uma tampa de plástico transparente para exibir as balas fechadas. A transparência da embalagem não deixa margem para confusão quanto à quantidade de balas contida nela.

Além disso, as alegações de Stemm de sofrimento emocional e danos físicos decorrentes da relação hortelã-caixa prejudicam a credibilidade. O caso desperdiçou valiosos recursos judiciais e banalizou o sistema jurídico ao transformar uma questão mundana de embalagens de doces num drama judicial infundado.

1 Overton x Anheuser-Busch: um homem feminino

Em 1991, Richard Overton entrou com uma ação judicial contra a Anheuser-Busch, fabricante da Bud Light, por US$ 10.000, alegando ter sofrido sofrimento emocional, lesões mentais e perdas financeiras. Overton alegou que a campanha publicitária da empresa, que apresentava mulheres bonitas, lhe prometia falsamente que atrairia essas mulheres se bebesse sua cerveja. Apesar de consumir cada vez mais cerveja, as fantasias de Overton de ter mulheres bonitas bajulando-o nunca se tornaram realidade.

O Tribunal de Apelações de Michigan rejeitou o caso de Overton com base em sua “falha em declarar uma reivindicação sobre a qual a reparação poderia ser concedida”. O caso Overton v. Anheuser-Busch é frequentemente citado como um dos processos mais ridículos de todos os tempos.

Embora o processo possa parecer frívolo, ele destaca a questão da propaganda enganosa e os danos potenciais que ela pode causar aos consumidores. As empresas são responsáveis ​​por garantir que a sua publicidade é verdadeira e não enganosa, e os consumidores têm o direito de responsabilizá-las quando não o fizerem. No entanto, neste caso, a alegação de Overton foi considerada infundada e rejeitada pelo tribunal.

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